segunda-feira, 2 de abril de 2018

PORTUGAL NA ABERTURA DO MUNDO

A partir de hoje serão colocados vários posts referentes a esta matéria em estudo.
Iniciamos com uma pequena introdução sobre a situação fechada que se vivia na Europa medieval.
Nos finais do século XIV o conhecimento máximo do planeta corresponde a cerca de um quarto e encontra-se na posse da civilização islâmica.
As diferentes civilizações e sociedades vivem ainda um período de limitada comunicação e conhecimento, vivendo centradas sobre si próprias, acentuando a situação de isolamento. As economias, predominantemente terrestres, são limitadas na quantidade e na qualidade da produção e da circulação.
A Europa no início do século XV possui duas conceções sobre o limite sul do continente africano. A teoria ptolomaica (de Ptolomeu), prevalece, não aceitando o encontro marítimo entre as terras europeias e asiáticas, apresentando o Índico como um mar fechado. Por outro lado, a teoria de Macróbio representa a África como um rectângulo, existindo a partir da zona equatorial a junção dos oceanos Atlântico e Índico.
A imagem da Terra durante a Idade Média, assenta num conjunto contraditório e teórico de síntese de aspectos da cultura greco-latina e da Bíblia.

Cartografia
Planisfério, na Cosmographia de Ptolomeu, 1482
A civilização islâmica, neste período, graças à expansão religiosa e às atividades comerciais, possui a maior rede de comunicações e de conhecimentos.
A cristandade ocidental, por seu lado, depois de um período de isolamento, surge, ao longo do século XII, em processo de crescimento urbano e mercantil.
Este fenómeno traduz-se numa expansão militar, comercial e religiosa com as cruzadas e as ações evangelizadoras, com relevo para as dos franciscanos.
Portugal nasce num espaço de encontro entre a Europa e a África, o Atlântico e o Mediterrâneo, e entre as civilizações cristã, islâmica e judaica.
Portugal afirma-se como Estado independente no século XII. Nos finais do século XIII apresenta já as suas fronteiras, das mais antigas da Europa, claramente definidas numa Península Ibérica ainda muito dividida. As zonas de maior desenvolvimento do país concentram-se, desde muito cedo, no litoral e em portos como Lisboa, Setúbal, Porto, Viana do Castelo, Lagos, Tavira, que exercem atividades mercantis e piscatórias, mantendo relações com as rotas do Norte e do Sul da Europa.
A partir de inícios do século XIV, Portugal reforça a sua condição marítima. Em 1317, D. Dinis contrata como almirante-mor o genovês Manuel Pessanha. Em 1338, D. Afonso IV concede privilégios aos mercadores de Florença que se estabeleçam em Portugal. Por volta de 1341, os portugueses fazem uma primeira expedição às Canárias. Em 1353, os mercadores de Lisboa e do Porto celebram um tratado de comércio com a Inglaterra válido por cinquenta anos.
A escolha de D. João I como rei, nas cortes de Coimbra, e a sua vitória na batalha de Aljubarrota em 1385 renovam a nobreza nacional e recolocam a questão da posição de Portugal frente a Castela, abrindo, como diz o cronista Fernão Lopes, uma "idade na qual se levantou outro mundo novo e nova geração de gentes".

Os Descobrimentos são um fenómeno de expansão planetária dos europeus dos séculos XV e XVI, e neles Portugal desempenha um papel de vanguarda fundamental.
Portugal, graças aos Descobrimentos, revela o essencial da Terra e da Humanidade, contribuindo para a abertura do universo planetário.
Os Descobrimentos portugueses apresentam quatro características essenciais:
- antecedem em cerca de 70 a 100 anos os restantes descobrimentos europeus;
- trata-se da única expansão com implantação em todos os continentes (África, Ásia, América e Oceania);
- revela a capacidade de se organizar no mundo de duas formas bem diferentes: a da intercomunicação (em África e no Oriente) e a da criação espacial (no Brasil);
- apresenta uma Universalidade Cultural, graças à capacidade de adaptação e comunicação com as diferentes civilizações.

O Portugal dos Descobrimentos torna-se o intermediário do comércio mundial.
À Europa afluem produtos como o ouro, os escravos, a malagueta e o marfim, de África, as especiarias, do Oriente e o açúcar das ilhas atlânticas e do Brasil.
A função de intermediário não se esgota na relação com a Europa, afirmando-se também em múltiplos espaços locais da África e da Ásia (por exemplo, as zonas de Santiago-Guiné ou a Carreira Macau-Japão).
A estratégia económica portuguesa, em especial no Oriente, responde à concorrência islâmica com a força do poder político-militar.
A conquista de Ceuta, em Agosto de 1415, marca de forma decisiva o início da expansão portuguesa. Este projeto militar traduz uma convergência de fatores estratégico-políticos, económicos e ideológicos em que a Coroa e a nobreza articulam os interesses da cavalaria e da cruzada. 
O interesse material passa pela obtenção de produtos como ouro e trigo, enquanto o objetivo estratégico visa o controle do estreito de Gibraltar, o fim da pirataria muçulmana e a definição de uma posição-chave na passagem do Mediterrâneo para o Atlântico.

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