O conceito de Feudalismo assenta numa forma de organização social, política e económica que se desenvolveu na Europa entre os séculos XI e XIII, ainda que algumas das suas características se tenham prolongado até ao século XV, refletindo-se numa mentalidade e conjunto de relações humanas, económicas e de poder, que marcaram significativamente a vida na Idade Média.
O poder central estava dividido por diferentes feudos (territórios; senhorios). Neles, o senhor apropriou-se das diferentes funções próprias do Estado, como legislar, cobrar impostos e aplicar a justiça.
A terra adquiriu uma enorme importância económica, com a diminuição do comércio e da circulação monetária. A agricultura era a base da economia e a vida rural predominava sobre a urbana.
A obediência e serviços que antes se prestavam ao Estado, entregavam-se agora a um senhor, com o qual se estabelecia um vínculo de dependência pessoal. Os serviços recebidos pagavam-se com um feudo (terra).
A sociedade hierarquizada era dominada por dois grupos sociais privilegiados: a nobreza e o clero. A Igreja marcava os traços mais importantes da cultura e da sociedade.
A Sociedade Feudal assentava em três "Ordens" claramente diferenciadas. A cada um destes estratos correspondia uma função social determinada: aos nobres, combater; ao clero, rezar; aos outros, trabalhar para sustentar o resto da sociedade.
Na mentalidade medieval, o trabalho destes três grupos era complementar - a sociedade funcionava como um corpo único. E todos dependiam uns dos outros.
Mas na prática, a ordem social era hierárquica. Baseava-se mais na complementaridade de funções, na subordinação dos indivíduos a quem tinha mais poder.
A ordem dos "bellatores" (os que combatem), a nobreza, era encabeçada pelo rei que não era vassalo de ninguém e que, teoricamente, era senhor de todos. A nobreza combatia pela necessidade de defesa ou pelo desejo de prestígio e poder.
A ordem eclesiástica - "os oradores"- também funcionava como o poder feudal, no topo da qual se encontrava o Papa.
As condições de vida do clero variavam consideravelmente, segundo a ordem que ocupavam na hierarquia eclesiástica: o alto clero era constituído por nobres que recebiam as suas dioceses como concessões dos reis e de outros nobres e eram verdadeiros senhores dentro delas.
Os membros do baixo clero, pelo contrário, viviam em condições mais precárias.
Os "laboratores" (os que trabalham) eram um grupo muito heterogéneo, pois a ele pertenciam camponeses, servos e habitantes de aldeias e cidades que desempenhavam uma multiplicidade de ofícios como artesãos, comerciantes, estalajadeiros, almocreves...
A vassalagem era fundamental para o suporte do sistema feudal. A vassalagem teve origem no mundo bárbaro dos germânicos, em cuja sociedade os indivíduos se ligavam a um chefe através de laços de fidelidade pessoal. Na época feudal a vassalagem deixou de ser uma prática exclusivamente ligada ao rei e passou a ser um contrato (um compromisso) entre dois homens livres. Um, o vassalo, solicitava protecção ao senhor e este, mais poderoso, dava-lha em troca de determinados serviços.
O Contrato de Vassalagem
Estabelecia os direitos e obrigações que, daí em diante, caracterizavam a ligação entre o senhor e o vassalo. Enquanto o vassalo se comprometia a ajudar o senhor com auxílio militar e conselhos, o senhor comprometia-se a proteger o vassalo e a dar-lhe recompensas.
O contrato era confirmado através de uma cerimónia que incluía a Homenagem e a Investidura.
No acto da Homenagem o futuro vassalo ajoelhava-se perante o senhor e jurava-lhe fidelidade. Seguia-se a cerimónia da Investidura: o senhor entregava ao vassalo um ramo ou um punhado de terra que simbolizava a entrega de um feudo (terra).
Camponeses e Servos
Fora do mundo dos grandes senhores, mas a ele diretamente ligados, encontravam-se os camponeses, que trabalhavam e pagavam impostos que sustentavam a nobreza e o clero.
Mas, nem todos os camponeses tinham a mesma categoria, alguns eram livres e outros servos.
Os homens livres arrendavam um manso ou viviam nas aldeias, vilas ou cidades junto dos castelos.
Os servos, dependiam de um nobre ou de um senhor eclesiástico e não podiam abandonar a terra onde tinham nascido.
Os servos tinham obrigação de trabalhar gratuitamente para um senhor ou entregar-lhe uma parte da sua própria colheita. A servidão era hereditária e o servo pertencia ao património do senhor.
A maioria dos camponeses vivia em condições de pobreza, dependência e exploração.
Deviam de produzir tudo aquilo de que necessitavam para sobreviver e, para ter acesso a serviços especiais como o moinho ou o forno, tinham de pagar uma taxa pela sua utilização.
As condições de vida eram muito duras, especialmente quando as más colheitas traziam a fome e as doenças.
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