quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A PROPÓSITO DE PEREGRINAÇÕES - O EXEMPLO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA

Nesta época (séculos XIII e XIV) abrem-se também novos horizontes geográficos: o comércio rompe fronteiras, enchendo novamente os caminhos da Europa de mercadorias e negociantes. 
Uma fé renovada e intensa motiva peregrinações a terras longínquas, em busca das memórias da vida de Cristo, de Santos ou de relíquias veneradas. 
Também as necessidades da diplomacia obrigam a deslocações frequentes de mensageiros e embaixadores.
No século XIV, mercadores venezianos chegam à China, cujas maravilhas Marco Polo descreveu. O mundo começa a abrir-se para os europeus... e os portugueses vão ter uma palavra a dizer a esse respeito no século seguinte.


Quanto às peregrinações, Santiago de Compostela ainda hoje é local de peregrinação.


O Peregrino


Segundo a tradição medieval, o nascimento da cidade de Santiago de Compostela está ligado à descoberta dos restos mortais do Apóstolo Santiago entre 820 e 835. Parece que um eremita, de nome Paio, alertado por luzes noturnas que se avistavam num bosque próximo, avisou o bispo Teodomiro e descobriram os restos de Santiago Maior no lugar onde, mais tarde, se levantaria Compostela (Campus Stellae - "campo de estrelas" ou Composita Tella - "terras bem ajeitadas", eufemismo para cemitério).



Escadas do mosteiro de Santiago de Bonaval (atualmente museu do Povo Galego)

A descoberta foi aproveitada por Afonso II das Astúrias que, necessitando de coesão interna e apoio externo para o seu reino, tratou de anunciar o novo local de peregrinação da cristandade.
Pouco a pouco, a cidade foi-se desenvolvendo com uma comunidade eclesiástica permanente e com a vinda de populações de aldeias próximas, que aumentaram devido ao crescente número de peregrinos vindos de todo o ocidente peninsular.
Em 997 a cidade foi destruída por Almansor, mas em meados do século XI os cristãos, liderados pelo bispo da cidade, construíram uma cintura de fossos e muralhas defensivas para evitar novas invasões.






A catedral começou a ser construída em 1075, tendo imediatamente provocado um aumento de peregrinações a Compostela, que passou a ser um lugar de referência religiosa na Europa.






A chegada da Peste Negra à cidade provocou uma forte recessão demográfica, só recuperando população a partir de 1380. No século XV tinha 5 mil ou 6 mil habitantes.
A fundação da Universidade no século XVI deu um novo impulso à cidade que, apesar de ter perdido alguma importância, se tem mantido como pólo religioso muito procurado por peregrinos de todo o mundo, fazendo questão, muitos deles, em percorrer a pé parte do Caminho Francês (o mais conhecido e também aquele que providencia mais apoios ao peregrino viajante).
O Caminho Português está agora a ser reativado e recuperado mas continua com poucos apoios para os pergrinos.



As grandes festas da cidade decorrem ao longo do mês de Julho com o seu apogeu no dia 24, dia do Apóstolo Santiago.

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